Chamamos de Jabuti os quelônios terrestres. São animais dóceis, porém rústicos e resistentes. Várias espécies de Jabutis são encontradas em diferentes partes do mundo. No Brasil temos originárias duas espécies, que habitam as florestas úmidas. Uma é o Jabuti-piranga (Geochelone carbonaria) que caracteriza-se pela carapaça relativamente alongada e pelas escamas da cabeça e das patas na cor vermelha. Atinge até 40 cm de comprimento e ocorre nas regiões Nordeste, Centro-oeste e Sudeste. O outro Jabuti brasileiro é o Jabuti-tinga (Geochelone denticulata) que possui coloração menos acentuada, em tons de amarelo. É de porte maior podendo atingir até 80 cm e habita originalmente a região amazônica.
Alojamento:
O terrário deve ser construído de acordo com o tamanho do jabuti, sempre maior, com espaço onde ele possa descansar, tenha suas vasilhas de alimentação e onde ele possa andar sem problemas. Você pode acrescentar também um substrato que deixa as necessidades secas e inodoras, pois absorve a urina e desidrata as fezes do animal, o nome do produto é Lixard Litter, ou ainda Repti Bark da Zoomed que podem ser encontrados em pet shops. Outra opção é um carpete ou grama sintética, ambos também dedicados a répteis. Estes últimos são realmente ótimos e práticos. Coloque também vasilhas de louça que vão servir para colocar a água e a comida, devem ter a borda baixa para facilitar o acesso ao animal. Decore também seu terrário com pedras, galhos e plantas artificiais e assegure-se que o terrário ficará em um lugar onde receba luz e calor. O ideal é que você utilize lâmpadas UV (Repto-Glo ou Reptisun 5%). Lembre-se que o piso não deve ser abrasivo ou cortante e os objetos colocados dentro do terrário devem ter um tamanho grande para que o animal não engula. A temperatura deve preferencialmente ser mantida entre 23 e 30 ºC. Pode-se utilizar pedras artificiais com aquecimento para répteis ou as lâmpadas UV. Os Jabutis maiores são geralmente mantidos em ambientes externos cercados. Estes devem ter piso de grama ou outro material não abrasivo. Vários abrigos como tocas de pedras e ampla vegetação devem fazer parte deste ambiente. Esta vegetação ajuda na manutenção da necessária umidade alta. Ao mesmo tempo o espaço deve permitir a incidência de sol pelo menos durante algumas horas do dia. Para se abrigar do frio, principalmente à noite, os animais usarão as tocas. Um recipiente raso com água sempre limpa é imprescindível, pois além de usarem para beber eles gostam de refrescar-se.
Higienização:
Lavar diariamente as vasilhas de água e comida, assim como limpar o terrário. Procure dar ao animal banhos diários de sol, porque é importante regular sua temperatura e também para poderem assimilar o cálcio, que é muito importante para que o casco esteja sempre forte, já que é sua principal proteção. O animal pode também tomar banhos semanalmente, com água em temperatura ambiente, deixando-o secar ao sol. Os utensílios de cada terrário devem ser exclusivos, evitando carrear microorganismos de um local para outro. Um desinfetante eficiente e de baixo custo é o hipoclorito de sódio (água sanitária), diluído na proporção de 3% em desinfecções rotineiras. A maioria dos desinfetantes são inativos em presença de material orgânico, sendo portanto necessária a limpeza de excrementos e detritos antes da desinfecção.
Reprodução:
Nem sempre é possível identificar o sexo dos répteis, visto que em boa parte das espécies não há diformismo sexual e alguns caracteres sexuais externos são visualizados apenas na época da reprodução. Nos jabutis uma das principais características é o plastrão, que nos machos é côncavo e nas fêmeas é reto, ou mesmo convexo. Isso facilita o procedimento da cópula, de modo que o macho possa encaixar-se sobre a fêmea. O orifício cloacal nos machos está situado mais afastado do plastrão que nas fêmeas. Em função das fêmeas porém ovos, suas placas anais formam um ângulo mais pronunciado que nos machos, facilitando assim a saída dos ovos, no momento da postura. O período reprodutivo é determinado pelas estações do ano e ocorre principalmente a partir do mês de outubro, tendo seu ápice em janeiro. Essas épocas podem variar um pouco, de região para região. Os machos devem ser maiores que as fêmeas para que com seu peso possam ter maiores chances de fecundá-las. Quando existe mais de um macho, eles vão disputar a fêmea, os machos recolhem a cabeça e batem repetidamente seus cascos um nos dos outros, mas não chegam a se machucar. Como nem sempre a fêmea aceita o macho, os criadores que têm vários Jabutis os deixam juntos para aumentar as chances de cruzamento. Ao acasalar, o macho emite um chiado típico. Os jabutis costumam enterrar os seus ovos em local que lhes parecer mais apropriado, em geral onde bate muito sol e a terra tem consistência que lhes permite cavar. Esses animais não camuflam o lugar, o que torna possível identificá-lo pela terra remexida. Os ovos devem ser recolhidos porque dificilmente ocorrem as condições ideais de temperatura e umidade para eclodirem. Uma vez localizados, é preciso não mudá-los de posição. Marque-os com um “x”, a lápis, na parte superior para melhor controle. Os ovos dos jabutis não devem ser virados, pois por não possuírem os mesmos mecanismos de proteção interna existentes nos ovos das aves, fatalmente o embrião pode sofrer danos mecânicos. Ainda, também para que tenha sucesso incubando ovos de jabutis, é importante a existência de bons machos, pois é muito comum que as fêmeas realizem posturas com ovos não fecundados. Os ovos devem ser submetidos a uma temperatura média de pelo menos 27ºC, para serem fecundados. O ideal é que logo após a postura os ovos seja colocados em uma incubadora, com altura de aproximadamente de 40cm, que pode ser feita com um aquário, contendo uma lâmina de água de 8cm e tendo uns 2cm acima desta lâmina uma tela na qual devem ser colocados os ovos. A água então deve estar permanentemente aquecida a 28ºC. Pode-se colocar um aquecedor na água com termostato e um termômetro para controlar a temperatura. A incubadora deve estar fechada, podendo ser mesmo um plástico cobrindo o aquário, mas bem fixo com uma fita adesiva. Nessa condições, se os ovos estiverem fecundado, os filhotes devem nascer em torno de 6 meses. Assim que os jabutizinhos nascerem devem ser retirados da maternidade e devem ser colocados dentro de uma bacia. Por cima, ponha lâmpadas de 25 a 60 watts. Mantenha-os em ambiente fechado, para manter a temperatura ao redor de 26 graus. Não é necessário oferecer alimentos pois eles só começam a se alimentar com um mês de idade. Até lá, nutrem-se com a reserva vitelínea que mantêm no abdômen ao saírem do ovo. Basta colocar uma vasilha rasa com água para beberem. Quando completarem um mês, podem ser transferidos para junto dos pais.
Alimentação:
Os Jabutis são animais onívoros e costumam comer carne, frutas doces, verduras e legumes. Aceitam bem e estarão bem alimentados com o perfeito balanceamento da ração Alcon ReptoLife. Apreciam também o atrativo alimento desidratado Alcon Gammarus. A alimentação deve ser complementada com a adição do suplemento vitamínico Labcon Reptovit aos alimentos. A dieta deve ser composta por 85% em vegetais, 10% a base de frutas e 5% de proteína animal. Segue como sugestão:
– 85% da dieta deve se basear em vegetais, como: folhas de mostarda, folhas de beterraba, agrião, couve, rúcula, salsa, salsão, brócolis, alface, espinafre, repolho, amora, cenoura, pétalas de rosas, folhas e pétalas de hibiscos, sementes de feijão branco e feijão verde, ervilhas, lentilhas, milho, legumes variados, como a cenoura, beterraba, vagens, abóboras, batata doce, etc. Cada animal deve apresentar preferência por determinados alimentos, porém deve-se sempre variar para garantir uma boa alimentação, deve se ter cuidado com a alface, pois pode causar diarréia.
-10% da dieta deve ser a base de frutas, como: uva, abacate, maçã, pêra, abacaxi, morango, manga, mamão, melão, banana, tomate, figo, melancia, amora, nectarina, pêssego, etc. Frutas são alimentos compostos de bastante vitaminas e açucares, sendo essencial para uma boa alimentação, porém deve-se evitar excesso de algumas frutas como o mamão, pois pode provocar problemas intestinais.
-5% da dieta deve ser composta de proteína animal, como: ração para tartarugas, suplementos alimentares, carne moída crua, ração de cachorro, ração de gato (em pequenas quantidades), ovos cozidos com casca, insetos (tenébrios monitores, minhocas…), etc. Apesar de apresentar a menor porcentagem na dieta alimentar recomendada, esse é um dos itens mais importantes, em filhotes a falta desses itens podem causar má formação do esqueleto, que por conseqüência, má formação do casco e como resultado, dores para o resto da vida do animal, problemas de locomoção, etc.
Faça exames de fezes regularmente, pelo menos 2x ao ano. E em qualquer sinal de anormalidade consulte sempre um veterinário especializado.